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EPM, CIJ e Ibdcria-ABMP promovem o encontro ‘Humilhação e Infância’

Socióloga francesa Claudine Haroche foi a expositora.       A Escola Paulista da Magistratura (EPM), em parceria com o Instituto Brasileiro de Direito da Criança e do Adolescente (Ibdcria-ABMP) e a Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça de São Paulo, realizaram nesta quarta-feira (12) na EPM o encontro Humilhação e Infância, com exposição da socióloga francesa Claudine Haroche.     A abertura dos trabalhos foi feita pelo diretor da EPM, desembargador Francisco Eduardo Loureiro, que ressaltou a importância do evento e agradeceu a participação de todos, lembrando que o encontro teve cerca de 800 inscritos nas modalidades presencial e a distância.     O diretor do Ibdcria-ABMP, Raul Augusto Souza Araújo, salientou a necessidade de compreender a questão da humilhação nas relações sociais brasileiras e de aprofundar temas na área da infância e juventude.     Em sua exposição, Claudine Haroche lembrou que a humilhação é imemorial, reprimida e silenciosa, pontuada por eventos que se traduzem ao longo dos séculos sob a forma de signos, gestos, posturas e olhares de submissão. “Quer nasça do afrontamento ou da indiferença infligida deliberadamente ou involuntariamente, a humilhação sentida questiona o orgulho, a honra, a dignidade”, esclareceu.     A especialista falou ainda sobre as formas de humilhação contemporânea, frisando que inevitavelmente conduzem a uma desqualificação subjetiva e à oscilação entre uma impotência profunda e uma potência narcísica. E explicou que, além das condições de trabalho, foram as condições de existência que mudaram as formas de humilhação. “As antigas persistem, mas há maneiras de humilhação inéditas que se apresentam com novas tecnologias e com as mídias sociais. Temos multidões sem rostos, mas bem reais nas redes sociais que se entregam a uma forma de linchagem inédita por comunidades inumeráveis e anônimas que analisam a vida por meio das mídias”, ressaltou.     O juiz Eduardo Rezende Melo, coordenador da área da Infância e Juventude da EPM e integrante da CIJ, salientou a importância da reflexão sobre a questão no âmbito do Direito. “Muito me tocam essas questões da pobreza como um grande espaço de humilhação e da colonização que se processa em relação a pessoas e grupos comunitários tidos como atrasados e que não alcançam a modernidade”, declarou. E apontou a necessidade da promoção de qualidade de vida pelo Estado e de se pensar em estratégias de superação das atuações que conduzam ao processo da humilhação e da vergonha.     A professora de Filosofia Olgária Matos observou que a aceleração determinada pelas novas tecnologias e pelo capitalismo não permitem mais a formação de valores, pois, para serem efetivos e organizarem a vida subjetiva e da coletividade, é preciso duração. E mencionou o desligamento das relações que exigem o longo prazo: entre pais e filhos, de amizade, de amor, de trabalho. “Com a fragmentação do trabalho temos um operariado sem classe operária e uma massa de desempregados, de humilhados, porque são descartáveis. As questões do contemporâneo são humilhantes e as instituições podem ser humilhantes”, ponderou.     Também compôs a mesa de trabalhos o desembargador Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, coordenador da área da Infância e Juventude da EPM e vice-coordenador da CIJ.            imprensatj@tjsp.jus.br
14/06/2019 (00:00)
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